Como vai ser o mundo depois da pandemia da covid-19? Enquanto o país ainda tenta se adaptar a uma alteração abrupta na rotina, alguns segmentos já mostram sinais do que vem pela frente. É o caso do e-commerce, que registrou crescimento de 29% até o início de abril, de acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). Mas as expectativas de um “novo mundo” vão além dos serviços on-line: a mudança cultural, cada vez mais necessária, tem permeado discussões de especialistas das mais diversas áreas.

Na visão de Hermes João Inácio, mestre em Desenvolvimento Regional e coordenador dos cursos de Administração e Ciências Contábeis da PUCPR- Câmpus Toledo, a pandemia ainda não pode ser considerada um gatilho para mudanças culturais. “São cenários que dificilmente mudam com crises de seis ou oito meses. Em momentos difíceis, há dois perfis distintos: aqueles que vão colocar o aprendizado em prática, e aqueles que vão retornar ao modelo anterior, relegando a boa gestão, a boa governança e o olhar para novas possibilidades”, analisa.

O que pode mudar efetivamente?

O coordenador da PUCPR cita alguns aspectos passíveis de transformação a partir do cenário atual, que você confere a seguir.

1. Consolidação do home office. O IBGE já registrava aumento de 20% no trabalho remoto entre os anos de 2017 e 2018. Com o distanciamento social, muitas empresas tiveram que se adaptar rapidamente a essa modalidade. Na análise de Hermes, já há resultados positivos. “Existiam muitas dúvidas relacionadas ao controle, principalmente de horários. Agora as empresas têm percebido regularidade e aumento na produtividade com o home office. Precisamos mudar essa ótica, olhar pelo lado do resultado e não do horário: quanto um colaborador está entregando, e não quantas horas ele está trabalhando”, diz o especialista.

2. Maior abertura a mudanças. O uso da tecnologia e de todas as suas possibilidades causava resistência, principalmente em pequenas empresas. A ideia de que era possível reduzir custos e otimizar processos, eliminando inclusive o contato presencial entre clientes, fornecedores e parceiros passava longe dos planos de muita gente. “Os empresários, de maneira geral, não tinham foco na tecnologia. Este momento está mostrando a necessidade de ser multiplataformas, de ter várias formas de atender clientes, relacionar-se com as pessoas, comprar, vender, criar”, cita Hermes Inácio.

3. Planejamento financeiro. Seis em cada dez brasileiros não têm o hábito de organizar as finanças, planejar os gastos ou guardar dinheiro. A informação vem de uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito e ajuda a entender um dos traços mais marcantes da crise atual. Com o desemprego batendo à porta e queda no faturamento dos negócios, mudar a relação com o dinheiro será essencial. “Existe um movimento muito pequeno de pessoas que estão olhando para o futuro, pensando em aposentadoria privada. Tanto empresas quanto pessoas físicas precisam de fundos para emergência, recursos para imprevistos”, complementa o coordenador.

4. Organização interna. “A crise é uma oportunidade. Alguns segmentos se fortalecem neste momento, muitas empresas estão arrumando a casa. É possível implementar mudanças, reduções e ajustes. Essas ações eram postergadas quando estava tudo bem. Quem assimilar isso e aproveitar o momento para fazer ajustes, deve sair fortalecido ao final da crise”, conclui Hermes Inácio.

fonte: https://g1.globo.com/pr/parana/especial-publicitario/puc-pr/profissionais-do-amanha/noticia/2020/05/21/tendencias-pos-covid-19-na-pratica-o-que-pode-mudar.ghtml