A padronização não é mais a regra. Ao invés disso, sua empresa deve conhecer as particularidades dos seus talentos para, assim, apostar em práticas que gerem experiências marcantes e conexões verdadeiras

Foi-se o tempo do conceito “one size fits all” — pelo menos no que diz respeito à gestão de pessoas. Em meio a complexidade crescente e a multiplicidade de demandas, apostar na abordagem padronizada e genérica já não faz sentido. Em vez disso, a sua empresa deveria investir em entregas “sob medida”.

Afinal, a personalização é o novo padrão.

 

Sofia Esteves: Da mesma forma que os produtos e serviços têm se tornado mais customizados, tentando se adaptar às necessidades diversas de clientes diferentes, as abordagens de gestão inevitavelmente vão precisar passar pelo mesmo processo (foto/Thinkstock)

Da mesma forma que os produtos e serviços têm se tornado mais customizados, tentando se adaptar às necessidades diversas de clientes diferentes, as abordagens de gestão inevitavelmente vão precisar passar pelo mesmo processo. E, da mesma forma que aconteceu com os produtos e serviços, esse movimento não é apenas uma gentileza, um agrado desinteressado. Estamos falando aqui de uma questão estratégica de atração e de fidelização — tanto de consumidores quanto de talentos.

Não à toa, ano após ano, parte da pesquisa Carreira dos Sonhos, feita pela Cia de Talentos, se concentra em identificar as prioridades na vida das pessoas e compreender os comportamentos que estão moldando o mundo do trabalho. Afinal, precisamos conhecer de perto os talentos que irão conduzir os negócios no futuro.

No caso da edição deste ano, percebemos que ter tempo para vida social e impactar positivamente a sociedade não são os itens mais importantes para o público jovem hoje em dia. Ao invés disso, ele prioriza qualidade de vida — termo que ganhou um significado mais amplo.

Hoje, quando falamos em “busca por qualidade de vida”, estamos nos referindo à ideia de trabalhar em um lugar que faça sentido para a jornada profissional do talento e, ao mesmo tempo, que possibilite vivenciar outros aspectos da vida. Tem a ver também com uma preocupação com a saúde integral, que envolve o bem-estar físico, mental, social e também financeiro.

Mudança de mentalidade

Quando conhecemos o nosso público-alvo, entendemos que talvez não faça sentido produzir peças com medidas que só a Gisele Bündchen poderia usar. Aliás, tive o prazer de conhecê-la e que mulher incrível!

Levantar dados, descobrir os interesses das pessoas, conhecer suas necessidades e considerar uma série de outras particularidades é o que empresas de mídia, como a Netflix, têm feito na hora de desenvolver filmes e séries. Todos esses detalhes são, inclusive, levados em consideração para determinar quando e como será o lançamento da produção.

Não à toa, as pessoas se envolvem com a história, ficam presas à narrativa, se emocionam… Isso acontece porque há uma conexão com aquilo que está na tela — e não poderia deixar de ser, afinal, de alguma forma, o conteúdo foi feito “especialmente” para aquele indivíduo.

Se sabemos que essa estratégia funciona tão bem com o público consumidor, por que não a incorporamos no nosso público interno? Por que não pensar as práticas corporativas, os programas de educação, as ações de conscientização e os benefícios a partir de uma ótica customizada?

Claro que não é possível — nem viável — desenhar, por exemplo, um treinamento para c-a-d-a pessoa que trabalha na sua empresa. Porém, talvez dê para estudar um conjunto de características compartilhadas entre alguns grupos e, a partir disso, promover experiências transformadoras. Práticas que, assim como uma roupa feita sob medida, sirvam perfeitamente. Práticas que, da mesma forma que os sucessos da Netflix, geram uma conexão intensa!

[ Fonte: exame.com ]