Muitas organizações não dão a devida importância no gerenciamento deste indicador, que pode ser um alerta para identificar problemas estruturais!
É natural que os empregados precisem se ausentar ocasionalmente para a realização de exames de rotina ou outros tipos de acompanhamento médico. Mas a identificação das principais doenças que acarretam ausência é importante para adoção de medidas preventivas, tanto no ambiente de trabalho quanto para fatores de risco populacionais.
Por outro lado, o cruzamento de dados de absenteísmo com dados de consulta de pronto-socorro pode ser um alerta para um problema chamado “atestadite”, que é quando a pessoa simula um mal-estar qualquer para conseguir um atestado médico e não ir ao trabalho. É certo que esses casos envolvem uma questão ética e moral, mas as empresas precisam ter isso como um termômetro e avaliar fatores importantes, como:
Cultura organizacional
Líderes com perfil inadequado, falta de integração entre times, ausência de reconhecimento, ambiente de trabalho inseguro, discriminação e assédio, entre outros fatores, são responsáveis pela falta de engajamento e, consequentemente, de ausências mais frequentes no trabalho. Uma cultura organizacional bem estruturada ajuda a guiar comportamentos e valores presentes no cotidiano dos líderes e funcionários de uma empresa.
Estresse
Ambientes de trabalho muito estressantes, com excesso de pressão para entregas e demandas com prazos muito curtos, contribuem para o aparecimento do estresse e com ele diversas desordens emocionais como ansiedade, depressão e síndrome de burnout.
A pesquisa Global Benefits Attitudes 2022, realizada pela WTW, aponta que 2 em cada 5 empregados declaram ansiedade ou depressão. Os respondentes relataram também que os problemas emocionais têm uma evidente ligação com o estilo de vida e com o aumento da ausência no trabalho. A média de dias perdidos por pessoas que não referiram depressão e ou ansiedade é de 16,8 dias ao ano contra 24,2 dias das que mencionaram as doenças. Além disso, dos que relataram problemas emocionais, 62% se sentem presos ao trabalho e 52% têm sintomas de esgotamento.
Como reduzir o absenteísmo?
O primeiro passo é a coleta, o gerenciamento e a análise dos dados, para composição do cenário atual e priorização das ações a serem implementadas. Acredito que organizações sustentáveis, se ainda não possuem, devem se planejar para a implementação da cultura do bem-estar como parte do propósito e dos valores. O bem-estar é a base para empregados mais engajados e produtivos, contribuindo para melhorar e sustentar resultados.
A visão integrada do bem-estar aborda as dimensões física, emocional, financeira e social do indivíduo. As organizações podem contribuir para uma melhor experiência do empregado dentro de todos esses pilares, por exemplo, ao garantir ambiente de trabalho seguro, implementar a cultura do autocuidado com a saúde, disponibilizar recursos para melhorar a saúde física, escolher um perfil de líder alinhado com a cultura de bem-estar, promover integração social, melhorar a comunicação, engajar os funcionários em ações de responsabilidade social corporativa, organizar treinamentos, ter políticas e práticas de inclusão, educação financeira, subsídios, benefícios flexíveis. Enfim, uma abordagem ampla e integrada.
Com certeza as organizações que caminharem neste sentido não somente reduzirão o absenteísmo, mas colherão muitos frutos relacionados à produtividade, qualidade e competividade de mercado.